Custos ocultos do backup em nuvem que ninguém te conta

Por Amigo Rico

2 de julho de 2025

Backup em nuvem parece uma solução perfeita: você salva seus dados com segurança, acessa de qualquer lugar e, de quebra, ainda tem a promessa de escalabilidade. Mas será que tudo isso vem mesmo sem pegadinhas? A resposta curta é: não. E a longa… bem, vamos por partes.

Empresas que migram seus backups para a nuvem normalmente pensam em economia e praticidade. E realmente, esses são atrativos fortes. Só que o problema começa quando os custos indiretos — aqueles que não aparecem no orçamento inicial — começam a surgir com o uso contínuo. E aí, a coisa muda de figura.

É comum gestores descobrirem tarde demais que o custo da transferência de dados, recuperação emergencial ou armazenamento redundante pode ser muito maior do que se imaginava no início. E tudo isso, claro, impacta diretamente no caixa. Você já fez as contas completas sobre isso?

Se você pensa em usar serviços de cloud para backup, ou já está usando, vale a pena entender os custos ocultos envolvidos. Porque nem tudo que parece “barato” na tecnologia, realmente é no longo prazo.

 

O mito do custo fixo no backup em nuvem

Muitas empresas entram na nuvem com a ilusão de que pagarão um valor fixo pelo serviço de backup. O problema é que isso raramente se concretiza. Na maioria dos casos, os custos variam conforme o volume de dados armazenados, a frequência de acesso e até mesmo o tipo de operação executada.

Por exemplo, se você fizer muitas restaurações em um curto espaço de tempo, pode acabar pagando taxas extras por consumo de largura de banda ou por solicitações frequentes. E isso não costuma estar claro no contrato inicial — só aparece depois, na fatura do mês.

Além disso, muitas plataformas oferecem planos com um valor de entrada atrativo, mas que não incluem funções básicas como criptografia avançada, versionamento de arquivos ou suporte 24/7. Essas “opções extras” acabam sendo cobradas separadamente e inflando o custo total.

 

Taxas de recuperação e saída de dados

Um dos pontos mais críticos, e pouco discutidos, são as taxas de recuperação de dados. Recuperar arquivos de um backup em nuvem, especialmente em situações emergenciais, pode sair mais caro do que manter um servidor local.

As empresas precisam considerar o chamado “egress fee”, que é a taxa de saída de dados. Ou seja: para tirar dados da nuvem e trazer de volta para o ambiente local, você paga. Isso mesmo. E dependendo do volume, esse valor pode ser significativo, especialmente em empresas com operações intensivas em dados.

Imagine então uma situação de desastre, onde a empresa precisa restaurar 10 terabytes de dados em poucas horas. O custo de transferência e restauração pode ser tão alto quanto o valor de meses — ou até anos — de armazenamento. É nessa hora que muitos percebem que o barato saiu caro.

 

Redundância e o impacto do armazenamento duplicado

Outra armadilha comum é a redundância não planejada. Muitos serviços de backup em nuvem criam múltiplas cópias dos dados para aumentar a segurança — o que é ótimo, em teoria. Mas cada cópia consome espaço e, consequentemente, gera custo adicional.

Se a sua empresa faz backup de dados que mudam pouco, esse impacto pode ser menor. Agora, em ambientes com grande rotatividade de informações — como bancos de dados ativos ou arquivos de mídia —, o custo de manter múltiplas versões começa a crescer rapidamente.

Esse custo, mais uma vez, raramente é calculado no início da contratação do serviço. E, pior ainda, muitos gestores não têm visibilidade em tempo real desses valores. Só percebem o impacto financeiro quando a conta chega — e aí já é tarde demais para revisar a estratégia.

 

Contratos pouco transparentes e cláusulas de fidelidade

Outro custo oculto, que muitas empresas ignoram, são os contratos com cláusulas amarradas. Alguns fornecedores de backup em nuvem impõem prazos mínimos de permanência, limites rígidos de uso e até multas para cancelamento antecipado.

Isso se torna especialmente problemático quando a empresa precisa migrar o serviço ou adaptar sua estrutura de TI. A falta de flexibilidade pode forçar o negócio a continuar pagando por algo que já não atende às suas necessidades reais.

Além disso, contratos mal redigidos podem esconder limites de suporte ou exclusões de responsabilidade em caso de falha. E isso, em se tratando de backup — que é o plano B da sua operação —, não deveria nunca passar batido.

 

Armazenamento de longo prazo e dados “esquecidos”

Em muitos casos, empresas armazenam dados por anos sem revisá-los. Isso cria um efeito bola de neve, especialmente em serviços que cobram por gigabyte. O que era um backup emergencial vira um arquivo arquivado por tempo indeterminado — e que continua gerando custos mensais.

A falta de políticas de expurgo, categorização e análise de necessidade real faz com que esses dados “esquecidos” se acumulem. A empresa continua pagando por algo que talvez nunca mais vá usar. Isso não é só desperdício — é dinheiro indo embora por puro descontrole de processos.

Estabelecer uma política clara de retenção e revisão periódica dos dados armazenados é essencial para manter o orçamento sob controle. Caso contrário, o backup vira um poço sem fundo onde o dinheiro escorre mês após mês.

 

Como evitar armadilhas e planejar com inteligência

Para não cair nas ciladas do backup em nuvem, o primeiro passo é ter total clareza sobre sua estrutura de dados. Saber o que precisa ser salvo, por quanto tempo e com que frequência pode evitar decisões mal calculadas.

Além disso, leia com atenção todos os termos do contrato — especialmente os pontos sobre cobranças por transferência, recuperação e funcionalidades adicionais. Faça simulações e peça ao fornecedor uma estimativa realista de custos mensais com base no seu cenário.

Por fim, considere ferramentas de monitoramento de uso e gastos. Com elas, você identifica rapidamente quando os custos fogem do esperado e pode agir antes que o prejuízo se instale. Porque no fim das contas, backup é proteção — não deveria ser uma dor de cabeça financeira.

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