Dá para economizar com alimentação saudável?

Por Amigo Rico

11 de junho de 2025

“Comer bem é caro.” Essa frase, você já deve ter ouvido (ou até dito) em algum momento. E olha, dá pra entender o porquê. Entre o preço das castanhas, o valor do azeite extravirgem e a alta dos alimentos frescos, a impressão que fica é que ter uma alimentação saudável virou sinônimo de gastar muito. Mas será que precisa mesmo ser assim? Será que dá pra cuidar da saúde sem estourar o orçamento?

É aí que entra um ponto curioso: a diferença entre preço e valor. Muitos alimentos baratos são nutricionalmente ricos, enquanto outros, caros, entregam pouco do ponto de vista da saúde. O segredo está nas escolhas — e, principalmente, na organização. Planejar bem as compras, aproveitar alimentos da estação e até reaproveitar ingredientes pode fazer toda a diferença na conta final.

Outro detalhe importante é desconstruir o mito da dieta “instagramável”. Alimentação saudável não precisa de superfoods, nem de pratos bonitos pra foto. Pode ser arroz, feijão, ovo e abobrinha. Pode ser simples. Pode — e deve — caber no seu dia a dia e no seu bolso. O que muda é a consciência por trás das escolhas, não necessariamente o preço na etiqueta.

Aliás, essa visão mais acessível da nutrição tem sido reforçada por muitos profissionais da área da saúde. Inclusive por nutrólogos, que mostram na prática que é possível montar um plano alimentar funcional mesmo com limitações financeiras. Vamos ver como isso funciona, na prática e sem complicação.

 

O que diz um nutrólogo sobre alimentação saudável e acessível

Segundo um nutrólogo com experiência clínica, o primeiro passo é mudar a mentalidade. Alimentação saudável não é sinônimo de produtos industrializados com rótulo “fit” ou suplementos caros. Na verdade, grande parte dos nutrientes que o corpo precisa está em alimentos simples, disponíveis em feiras e mercados de bairro. O problema é que, muitas vezes, falta orientação para saber o que priorizar.

Feijão, por exemplo, é uma potência nutricional. Rico em ferro, fibras e proteínas vegetais, ele custa pouco e rende bastante. A banana, acessível o ano todo, é fonte de potássio, triptofano e energia rápida. Ovos são versáteis, baratos e completos em proteína. Ou seja: a base de uma alimentação nutritiva pode ser formada com ingredientes do cotidiano — e não com produtos caros e sofisticados.

Outro ponto importante é o aproveitamento integral dos alimentos. Cascas, talos e folhas muitas vezes vão parar no lixo, mas são ricas em fibras, vitaminas e minerais. Dá pra fazer farofa com talo de couve, caldo com cascas de legumes, chips com folhas de batata-doce. Com criatividade e orientação, o desperdício vira economia — e saúde.

 

Dicas práticas usadas por nutrólogos em Curitiba

Em Curitiba, a busca por alimentação saudável com custo reduzido tem crescido, especialmente em tempos de inflação nos alimentos. Muitos profissionais passaram a incorporar orientações econômicas nos atendimentos. Um nutrólogo em Curitiba, por exemplo, pode ajudar o paciente a montar um cardápio com base no que ele realmente pode comprar — e não no ideal teórico e fora da realidade de muitos.

Isso inclui analisar onde a pessoa faz as compras, quais alimentos estão disponíveis nas feiras locais, se ela tem tempo para cozinhar, se mora sozinha ou com família… Tudo isso influencia. Uma das estratégias mais comuns é montar cardápios semanais com base em ingredientes coringa: arroz, legumes da estação, ovos, frango, sardinha em lata, frutas simples. Nada mirabolante, tudo realista.

Outro ponto prático que os profissionais destacam é a compra por quilo, em vez de pacotes prontos. Castanhas, grãos, sementes e temperos ficam muito mais baratos quando adquiridos em pequenas quantidades e em lojas a granel. Isso evita o desperdício e ajuda a manter variedade no cardápio sem pesar tanto no bolso.

 

O olhar do médico nutrólogo sobre escolhas inteligentes

Para um médico nutrólogo, o mais importante é ajudar o paciente a identificar quais alimentos valem o investimento — e quais são desnecessários. Muita gente gasta dinheiro com produtos da moda, achando que são indispensáveis, mas deixa de comprar o básico que realmente nutre. E isso não é só uma questão de informação, mas também de marketing. As promessas milagrosas nas embalagens confundem até quem tem boa intenção.

O profissional ajuda a montar uma dieta enxuta, sem excessos, mas funcional. Um plano alimentar simples pode entregar todos os nutrientes essenciais, desde que bem planejado. Nessa lógica, não se trata de encher o carrinho de supermercado, mas de entender como combinar os alimentos certos, na quantidade certa, de forma eficiente.

Outra dica recorrente é sobre a “moda do suplemento”. Suplementação é importante em casos específicos — como deficiência de vitamina D ou ferro, por exemplo — mas não deve ser usada como substituição de refeições. Além de não resolver o problema na base, acaba sendo caro. O ideal é corrigir a alimentação primeiro, e só depois avaliar a real necessidade de complementar com cápsulas.

 

Planejamento de compras: o segredo para comer bem sem gastar muito

Um dos erros mais comuns de quem quer economizar é ir ao mercado sem planejamento. Sabe aquela ida rápida que termina com uma sacola cheia de besteiras e nenhum ingrediente útil? Pois é… O segredo está no velho hábito da lista de compras — mas não uma lista aleatória. É preciso pensar no cardápio da semana antes de sair de casa.

Montar um cardápio simples, baseado em ingredientes que podem ser usados em mais de uma refeição, é uma forma prática de reduzir desperdício e estresse na hora de cozinhar. Por exemplo: a mesma abobrinha pode virar refogado, sopa ou recheio de panqueca. O frango desfiado serve para o almoço e também para o lanche da tarde. A lógica é reaproveitar e variar com o que já está na despensa.

Outra estratégia poderosa é acompanhar os encartes de promoções e feiras de produtores locais. Comprar alimentos da estação é uma forma simples de economizar — e ainda garantir sabor e frescor. Morango fora de época custa o triplo e tem metade do gosto. Já a mexerica do inverno é barata, deliciosa e cheia de vitamina C.

 

Refeições caseiras: economia na ponta do garfo

Pode parecer óbvio, mas vale repetir: cozinhar em casa é uma das formas mais eficazes de comer bem gastando pouco. Comparado a comer fora ou pedir delivery, preparar as próprias refeições pode representar uma economia considerável ao final do mês — além de ser mais saudável, é claro. E nem precisa ser um chef: arroz, feijão e legumes resolvem muito mais do que parece.

Além do controle sobre os ingredientes (menos sal, menos gordura, mais frescor), há a possibilidade de montar marmitas e congelar porções. Isso reduz o risco de gastar com comida pronta nos dias mais corridos e evita o desperdício. Um domingo bem organizado pode render refeições para a semana inteira, com muito mais qualidade do que qualquer prato de fast food.

Também é nesse momento que se percebe que comida saudável não é sinônimo de comida sem graça. Usar temperos naturais, inventar combinações diferentes, experimentar novos modos de preparo… tudo isso transforma o ato de cozinhar em algo criativo e até terapêutico. E o melhor: sem extrapolar o orçamento.

 

Desmistificando os rótulos: nem tudo que é caro é saudável

Por fim, vale desmascarar um dos maiores enganos do mercado alimentar: acreditar que “quanto mais caro, mais saudável”. Na prática, muitos produtos com apelo fit — barrinhas, biscoitos integrais, bebidas vegetais — estão carregados de açúcares escondidos, gorduras ruins e aditivos artificiais. Ou seja: são caros, mas não entregam o que prometem.

Aprender a ler rótulos é uma habilidade essencial. Saber identificar ingredientes, quantidade de açúcar, tipo de gordura e presença de aditivos pode evitar armadilhas alimentares. Muitas vezes, a melhor escolha está no alimento in natura, sem embalagem nenhuma. Banana ou maçã não precisam de rótulo — e são ótimas opções para o lanche.

Essa leitura crítica sobre o que se coloca no carrinho ajuda a gastar melhor. Em vez de encher o armário com produtos caros e desnecessários, o foco passa a ser qualidade real. Nutrir o corpo com inteligência, sem cair nas armadilhas da indústria. E isso, no fim das contas, é o verdadeiro luxo: comer bem, de forma simples e consciente.

Leia também: