Quanto ganha um advogado criminalista no Brasil?

Por Amigo Rico

8 de abril de 2025

Falar sobre dinheiro ainda é um tabu em muitas profissões, especialmente quando o assunto envolve áreas ligadas ao Direito. Mas, cá entre nós, todo mundo quer saber: afinal, quanto ganha um advogado criminalista no Brasil? A resposta é simples e complicada ao mesmo tempo — depende. E depende de muitos fatores, que vão muito além da formação acadêmica ou do tempo de carreira.

A remuneração na advocacia criminal é extremamente variável. Há profissionais que ganham menos de dois salários mínimos por mês e outros que recebem honorários na casa dos seis dígitos por causa de um único caso. A diferença? Ela está na reputação, na complexidade do processo, no tipo de cliente atendido e até na cidade onde se atua. É um mercado com poucos parâmetros fixos e muitas possibilidades de crescimento (e queda, também).

Outra coisa que pesa bastante é o modelo de atuação. Advogados que trabalham como autônomos geralmente têm ganhos mais instáveis, enquanto aqueles que fazem parte de bancas consolidadas ou ocupam cargos públicos tendem a ter uma remuneração mais previsível. Mas mesmo dentro desses grupos, as variações são grandes — um mês pode ser excelente, o outro… nem tanto.

Se você está pensando em seguir carreira nessa área ou apenas quer entender melhor como ela funciona financeiramente, vale a pena mergulhar nos detalhes. Afinal, quando falamos de remuneração, estamos falando também de escolhas estratégicas, posicionamento no mercado e, claro, muito trabalho. Vamos explorar isso em partes?

 

O início de carreira e a construção da reputação

No começo, todo advogado criminalista enfrenta o mesmo dilema: como conquistar clientes sem ainda ter um nome consolidado no mercado? É um momento desafiador, onde os honorários costumam ser baixos, os casos são mais simples e a concorrência é pesada. Muitos recém-formados acabam aceitando causas por valores simbólicos apenas para ganhar experiência e construir uma carteira de clientes.

É nessa fase que os ganhos variam de R$ 2 mil a R$ 4 mil por mês, em média, para quem atua de forma autônoma. Já os que ingressam como associados em escritórios médios podem receber entre R$ 3 mil e R$ 6 mil, dependendo da estrutura da banca. Claro, esses valores mudam bastante de cidade para cidade — e até de bairro para bairro, em alguns casos.

O segredo aqui é resistir. A advocacia criminalista exige resiliência, paciência e muito networking. Com o tempo, os casos ganham mais visibilidade, os honorários aumentam e o nome do advogado começa a circular no meio jurídico e entre clientes. E aí a curva pode subir de forma significativa.

 

Casos de alta complexidade e seus reflexos financeiros

Conforme o advogado passa a lidar com temas mais delicados, como lavagem de dinheiro, a remuneração muda de patamar. Esses processos envolvem análise de documentos bancários, transações financeiras, empresas de fachada e outras operações que exigem conhecimento técnico especializado. Por isso, os honorários cobrados costumam ser bem mais altos — muitas vezes iniciando em R$ 30 mil por caso, podendo ultrapassar R$ 100 mil em casos maiores.

Esses valores refletem não apenas a complexidade jurídica, mas também o tempo investido. Um processo de lavagem de dinheiro pode se arrastar por anos, com dezenas de audiências, perícias contábeis e recursos. E o advogado precisa estar presente em cada etapa, com uma atuação estratégica e detalhista.

Além disso, esse tipo de caso costuma envolver clientes com maior poder aquisitivo, o que também influencia nos valores cobrados. Ainda assim, é preciso lembrar: não basta cobrar caro — é preciso entregar um serviço técnico de alto nível. E isso exige atualização constante e muita dedicação.

 

Honorários em julgamentos no Tribunal do Júri

Atuar no Tribunal do Júri é, para muitos criminalistas, uma das experiências mais intensas — e também mais rentáveis — da profissão. Isso porque esses julgamentos envolvem um grau de exposição muito alto, além de demandarem uma preparação emocional e técnica gigantesca. E, claro, tudo isso tem um custo.

Honorários para atuação em júri popular costumam começar na faixa de R$ 20 mil, podendo ultrapassar os R$ 80 mil, dependendo do caso, do cliente e da reputação do advogado. Há quem cobre ainda mais, especialmente em situações de grande repercussão ou quando há possibilidade de cobertura pela imprensa.

Mas aqui vai uma verdade pouco dita: o ganho não é só financeiro. Participar de um júri é também uma vitrine profissional. Uma boa atuação pode render convites, indicações e até novos clientes no ato. É um momento em que o advogado tem a chance de mostrar tudo o que sabe — e conquistar muito mais do que um bom cachê.

 

Casos de direito penal sensível e as questões sociais

Existem áreas dentro do Direito Penal que exigem não só técnica, mas também empatia. É o caso de quem atua com violência doméstica. Nesses casos, a remuneração nem sempre é alta — muitas vezes, inclusive, o advogado trabalha pro bono ou com valores simbólicos, especialmente em situações de vulnerabilidade social.

Por outro lado, quando há possibilidade de remuneração, os valores costumam variar entre R$ 3 mil e R$ 10 mil, dependendo do tipo de atuação (defesa ou assistência à acusação) e do perfil do cliente. Não é uma área financeiramente lucrativa como outras, mas muitos advogados a escolhem por convicção, por causa ou por desejo de transformação social.

Também é importante lembrar que, por ser uma área emocionalmente desgastante, nem todos os criminalistas se sentem preparados para encarar esse tipo de caso. Mas os que encaram acabam desenvolvendo um olhar mais humano e estratégico para o Direito, o que também agrega valor à carreira.

 

Atuação em execução penal e remuneração recorrente

Quem trabalha com execução penal lida com a fase posterior à condenação — e, nesse estágio, há uma demanda contínua por acompanhamento, recursos, pedidos de progressão e revisões. Essa frequência cria uma oportunidade para remunerações recorrentes, que podem representar uma parte sólida da renda mensal de um advogado.

Os valores para esse tipo de serviço costumam variar entre R$ 2 mil e R$ 6 mil por acompanhamento, com possibilidade de contratos mensais que garantem um fluxo financeiro mais estável. Em alguns casos, o advogado atende vários clientes do mesmo presídio, o que aumenta a escala sem necessariamente multiplicar o trabalho.

Apesar de ser menos glamorosa que outras áreas, a execução penal é uma fonte consistente de renda. E mais: ela permite que o advogado crie uma base sólida de atuação, especialmente em regiões onde o sistema prisional é sobrecarregado e há pouca assistência jurídica de qualidade.

 

Escritórios de renome e atuação internacional

Por fim, temos um universo à parte: os advogados que atuam em escritórios de grande porte, especialmente os que lidam com Direito Penal Empresarial e casos de repercussão internacional. Esses profissionais costumam receber salários fixos acima de R$ 15 mil, além de bônus por performance ou percentual sobre os honorários do escritório.

Há também os criminalistas que atuam como consultores em projetos específicos, recebendo valores por hora ou por caso. Nesses casos, o faturamento mensal pode ultrapassar facilmente os R$ 50 mil — especialmente quando envolve clientes estrangeiros ou multinacionais investigadas por crimes financeiros.

Claro, esse é um nicho bastante exclusivo e exige não só conhecimento técnico avançado, mas também fluência em outros idiomas, domínio de compliance internacional e muita experiência. Mas é uma prova de que, sim, a advocacia criminal pode ser altamente rentável — desde que haja preparo, posicionamento e uma estratégia de carreira bem definida.

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