Instrumentos musicais como investimento: vale a pena?

Por Amigo Rico

17 de agosto de 2025

Pra muita gente, instrumento musical é sinônimo de paixão, arte ou até ferramenta de trabalho. Mas, em alguns casos, ele também pode ser visto como uma forma de investimento. Sim, investir em instrumentos raros ou vintage tem se tornado uma estratégia interessante — especialmente entre colecionadores, músicos profissionais e até investidores que buscam alternativas ao mercado financeiro tradicional.

Claro, não dá pra comparar diretamente com ações, imóveis ou criptomoedas. Mas o mercado de instrumentos tem características próprias: oferta limitada, valor afetivo, influência cultural e uma curva de valorização que, muitas vezes, acompanha a história da música. É um mercado mais emocional do que racional… e justamente por isso, bastante dinâmico.

O que determina se um instrumento vai se valorizar? Uma combinação de fatores: marca, modelo, estado de conservação, raridade, ano de fabricação, histórico (quem já tocou, onde foi usado) e até o estilo musical em que ele se encaixa. Alguns instrumentos valorizam absurdamente após serem usados por artistas famosos. Outros, viram relíquias só pelo fato de serem difíceis de encontrar.

Mas será que vale a pena encarar esse tipo de investimento? Vamos explorar os diferentes tipos de instrumentos e como cada um pode — ou não — gerar retorno financeiro ao longo do tempo. Spoiler: nem tudo que é antigo vale ouro… mas há peças que são verdadeiros tesouros esperando por alguém que saiba reconhecer.

 

O renascimento dos toca-discos vintage

Se você tem um toca discos antigo em casa, é bom olhar com mais carinho pra ele. Nos últimos anos, o vinil voltou com tudo — e junto com ele, a valorização de equipamentos analógicos. Modelos clássicos de toca-discos, como os da Technics, Pioneer ou Dual, têm alcançado valores surpreendentes em sites de leilão e grupos de colecionadores.

A procura é impulsionada por dois públicos: os puristas do áudio (que juram que nada se compara ao som do vinil) e os novos entusiastas da cultura retrô. O interessante é que o mercado valoriza tanto os modelos 100% funcionais quanto os que precisam de restauração, desde que a estrutura original esteja preservada.

Mas atenção: não é qualquer toca-discos que vira investimento. Modelos comuns, sem histórico ou características técnicas diferenciadas, tendem a manter preços estáveis. Já os raros, com componentes originais e manuais de fábrica, podem dobrar ou até triplicar de valor em poucos anos.

É um caso típico onde conhecimento técnico e paixão andam juntos. Se você souber identificar boas oportunidades, um simples aparelho que ficou esquecido por décadas pode se transformar em ativo valioso no seu acervo pessoal.

 

Teclados clássicos e a valorização do som retrô

O mercado de teclados musical também está surfando a onda da nostalgia. Modelos dos anos 70, 80 e 90 voltaram a chamar atenção por suas características sonoras únicas — timbres analógicos, sintetizadores com identidade própria e até bugs que viraram assinatura musical. E é justamente essa singularidade que está fazendo alguns teclados se tornarem objetos de desejo.

Marcas como Roland, Yamaha e Korg têm modelos icônicos que foram usados em álbuns clássicos e hoje são disputados por colecionadores, produtores e bandas de synthpop ou lo-fi. O valor? Pode chegar a milhares de reais, dependendo do modelo e do estado de conservação.

É importante destacar que, nesse segmento, a raridade anda de mãos dadas com a funcionalidade. Teclados que ainda funcionam plenamente, com todos os recursos originais e sem modificações, tendem a ter maior valorização. Aqueles com sons únicos (como pianos elétricos e leads clássicos) também se destacam.

Mas cuidado: o mercado de teclados vintage é volátil e depende de tendências musicais. Um modelo que está “bombando” hoje pode perder força em poucos anos se o gosto do público mudar. Por isso, investir aqui exige feeling musical… e paciência.

 

Pianos digitais de alta performance

Ao contrário dos analógicos, o piano digital é um instrumento que, na maioria dos casos, se desvaloriza com o tempo — como acontece com eletrônicos em geral. No entanto, existem exceções: modelos topo de linha, com tecnologia avançada, sensibilidade realista e acabamento de luxo podem manter valor de revenda por anos, especialmente se forem bem conservados.

Algumas marcas oferecem edições limitadas ou séries especiais que se tornam cobiçadas por pianistas e estúdios. Além disso, pianos digitais com características híbridas (que misturam partes mecânicas e digitais) têm ganhado mais espaço entre músicos exigentes, o que valoriza esses modelos.

Outro fator relevante é o suporte da marca: equipamentos com garantia estendida, fácil manutenção e atualizações de software tendem a manter um valor de mercado mais estável. Pianistas profissionais que viajam ou gravam frequentemente buscam por instrumentos confiáveis, mesmo usados.

Ou seja, apesar de o piano digital não ser tradicionalmente um investimento, escolher um bom modelo — e cuidar dele com zelo — pode garantir um retorno interessante na hora de revender ou trocar. Mas é bom lembrar: aqui, o valor está muito mais na qualidade do que na raridade.

 

O valor afetivo dos teclados acessíveis

Sim, até um teclado casio pode ter seu lugar como investimento. Embora esses instrumentos sejam mais populares e acessíveis, alguns modelos antigos da Casio se tornaram icônicos por sua sonoridade lo-fi, estética retrô e uso em produções de música experimental ou eletrônica underground.

Modelos como o Casio SK-1, por exemplo, que antes era visto como um brinquedo, hoje é peça de colecionador — e vale bem mais do que seu preço original. Isso acontece porque certos timbres, mesmo simples, marcam uma geração ou um estilo musical. E aí entra o valor afetivo, que muitas vezes supera o valor técnico.

No caso dos modelos atuais, o retorno financeiro pode vir a médio prazo, principalmente se o instrumento for mantido em bom estado, com caixa, fonte e manuais originais. Quem compra por nostalgia está disposto a pagar mais por um conjunto completo e bem cuidado.

É um tipo de investimento que não exige grande capital, mas que pode surpreender no futuro. E mesmo que não se valorize financeiramente, pode render bons momentos e memórias — o que, convenhamos, também tem seu preço.

 

Violões de marca e a valorização com o tempo

Um violão takamine é mais do que um instrumento confiável — pode ser também uma aposta certeira de valorização a longo prazo. Modelos fabricados no Japão nas décadas de 80 e 90, por exemplo, são altamente valorizados hoje, especialmente entre músicos profissionais e colecionadores que reconhecem a qualidade de construção e o timbre encorpado desses instrumentos.

Marcas reconhecidas, como Takamine, Martin, Taylor e Gibson, têm linhas específicas que se tornam verdadeiros clássicos. E nesses casos, o preço de revenda pode até superar o valor original, especialmente se o instrumento tiver madeiras nobres, edição limitada ou histórico de uso em gravações relevantes.

Outro ponto importante é o estado de conservação: violões bem cuidados, com trastes íntegros, braço alinhado e tampo preservado, mantêm seu valor por mais tempo. Já aqueles com sinais de desgaste ou reparos mal feitos tendem a perder atratividade.

Para quem pensa em investimento, o segredo está em pesquisar bem antes de comprar, manter a manutenção em dia e guardar acessórios originais. Um violão pode ser sua companhia musical por anos… e ainda garantir um bom retorno no futuro.

 

Investimento musical: paixão ou estratégia?

Comprar instrumentos musicais com foco em investimento exige mais do que dinheiro — exige conhecimento, sensibilidade e, principalmente, conexão com a música. Nem todo instrumento se valoriza, mas todo instrumento tem potencial de contar uma história. E muitas vezes, é essa história que transforma um objeto comum em uma peça valiosa.

O mercado está cheio de exemplos de guitarras que triplicaram de preço, teclados que viraram febre, pianos digitais que mantiveram valor por anos. Mas também há instrumentos que não se valorizaram em nada — e tudo bem. Porque, no fim, investir em música é também investir em experiência, expressão e memória.

Se você quer entrar nesse universo, comece com o que você gosta. Pesquise, compare modelos, frequente grupos de colecionadores e preste atenção nas histórias por trás dos instrumentos. Valor não está só na madeira ou no circuito… está no que aquilo representa.

E, quem sabe, aquele violão antigo guardado no armário não seja, hoje, mais valioso do que você imagina?

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